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Duo Bailado

Marcos Paiva e Daniel Grajew - CD Bailado

Da mistura da erudição da música de concerto com a brejeirice e a síncope dos terreiros e cortiços da periferia do Rio de Janeiro nasceu a complexa música urbana instrumental brasileira.  

O ato inaugural de Ernesto Nazareth e de seus contemporâneos (como Henrique Alves, Joaquim Calado, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga) de fundir esses universos fez com que elementos culturais muito distintos fossem absorvidos e traduzidos para um novo idioma. Uma linguagem brasileira com características próprias que permanece viva e em construção. 

Seguindo esse caminho, Marcos Paiva e Daniel Grajew estreiam parceria no CD Bailado, criando uma nova sonoridade em duo. 

A ideia do CD nasceu do intuito de produzir uma música instrumental brasileira em que o gingado e o movimento das danças urbanas do início do século passado fossem a linha mestra, guiando as composições e arranjos. São lundus, maxixes e polcas que sintetizam o encontro do aristocrático com o popular, entre os sons da Europa e da África. 

Hoje, na complexidade de um mundo carregado de informações e influências, Marcos e Daniel repetem o mesmo gesto antropofágico dos chamados “pianeiros” (como eram conhecidos os pianistas populares do final do século XIX e início do século XX): acreditam que um olhar se constrói no presente, mas permeado pelas raízes de nossa cultura e pelos ecos do ambiente musical global. Por meio de uma inventividade rítmica e melódica, o duo busca traduzir uma característica marcante do povo brasileiro: a constante capacidade de se reinventar.

Marcos Paiva criou uma nova forma de conduzir o instrumento, usando a escola do violão de 7 cordas (as baixarias) de maneira pouco usual. Essas contramelodias - nascidas no início do século XX e sistematizadas pelo genial Pixinguinha em gravações ao lado do flautista Benedito Lacerda - formam a artéria central que se ramifica nas várias maneiras que o contrabaixista usa para acompanhar choros, polcas e outras ideias musicais. Seu contrabaixo tece com o piano uma engenhosa trama.

Já Daniel Grajew mergulha na linguagem dos “pianeiros” para propor novas tonalidades à tradição. Nesse processo, usa pinceladas impressionistas de Debussy e o colorido do jazz para harmonizar os requebros e gingados. A imaginação de Villa- Lobos e a ambiência do Clube da Esquina inspiram uma nova maneira de visitar o corta-jaca de Chiquinha Gonzaga e o tango de Ernesto Nazareth.

Por fim, a teia musical construída neste CD traz a união do primeiro respiro musical brasileiro urbano (presente no suingue) com a escola do piano erudito (revelado nas interpretações e no aprofundamento harmônico das composições) e o jazz (com seus espaços dilatados e sua liberdade na improvisação). Aqui, a sala de concerto é o meio da rua. 

Críticas Bailado

“Marcos Paiva e Daniel Grajew - “Bailado” (yb). O contrabaixista mineiro e o pianista paulista formam um duo contagiante e nada convencional. Nas nove faixas deste álbum, recriam temas dos clássicos Ernesto Nazareth (“Tenebroso”) e Anacleto de Medeiros (“Araribóia”). Também exibem sofisticadas composições próprias, inspiradas por danças urbanas do início do século 20 e repletas de improvisos.”

Carlos Calado, jornalista da Folha de São Paulo

 

“A boa surpresa da primeira noite do POA Jazz Festival foi o duo de piano e contrabaixo acústico Marcos Paiva & Daniel Grajew. Apresentando o projeto "Bailado", os jovens virtuosos fizeram uma abordagem pós-moderna do universo sonoro de compositores como Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, desconstruindo ritmos como o choro, o maxixe e o lundu em interpretações entremeadas de citações a pérolas históricas da música brasileira. Baita show de uma dupla de músicos para se ficar de olho, viu?” 

Roger Lerina, do jornal Zero Hora de Porto Alegre

 

 

“Bailado (…) oferece olhar contemporâneo sobre as gingas dos salões e terreiros que, ao se influenciarem mutuamente no início do século XX, geraram a música popular brasileira de caráter urbano.  Bailado é disco que cai no suingue que evoca o movimento musical da era de Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935) e Ernesto Nazareth (1863 - 1964), pioneiros compositores e pianistas cariocas que ajudaram a moldar música brasileira que bebeu tanto das eruditas fontes dos salões de atmosfera europeia quanto da brejeirice sincopada dos sons negros dos terreiros. (…) jazz de forma brasileira, com música que transitou entre os salões e os terreiros, tal como este inusitado Bailado, disco que mostra a fina sintonia entre o piano pianeiro de Daniel Grajew e o baixo baixaria de Marcos Paiva. Sem nostalgia, o duo soube reanimar o baile que moldou toda a rica música do Brasil.” 

Mauro Ferreira, blog Notas Musicais

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